Ao som de Baile de Favela, Rebeca Andrade conquista prata em Tóquio

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Cada conquista é cercada de uma série de histórias e com a atleta Rebeca Andrade não foi diferente. Cercada de representatividade, a conquista de uma Mulher, negra e ao som de  Baile de Favela, dá uma sensação que a Favela Venceu.

Com apenas 22 anos, Rebeca Andrade conquistara a primeira medalha da modalidade em Jogos Olímpicos, justamente na prova que premia a atleta mais completa: o individual geral, veja números no final da matéria.

A trajetória olímpica passa por três cirurgias no joelho e ainda irá participar das finais do salto, no dia 1, e do solo, no dia 2.

Mãe é mãe

“Minha mãe está muito emocionada. Ela acompanhou todo o processo. Ela está mais orgulhosa desse momento. Eu estou feliz demais. Eu passei por muita coisa e coloquei esses Jogos como objetivo, mas o meu objetivo aqui era fazer o meu melhor, era brilhar, e eu acho que eu brilhei: consegui a nossa primeira medalha olímpica em ginástica artística feminina”, afirmou a medalhista.

“Eu nem sei explicar o que passou pela minha cabeça. Eu queria muito me sair bem hoje, não digo nem para ganhar medalha, mas fazer uma boa ginástica, uma boa inspiração para outras crianças pretas, brancas, todas as crianças que estão vendo. E um orgulho para o Brasil. Está sendo incrível. Todas as mulheres que passaram pela ginástica artística do Brasil se veem nessa medalha, elas estão muito orgulhosas de mim e se sentindo orgulhosas dessa história”, completou.

Rebeca terminou sua participação não muito empolgada, mas mudou a fisionomia quando recebeu a nota e percebeu que era suficiente para a prata.

Depois de Rebeca, só restava a americana Jade Carey para se apresentar, e ela não conseguiu pontos suficientes para alterar o pódio que teve a campeã Sunisa Lee, dos Estados Unidos, com 57.433, e Angelina Melnikova, do COR (Comitê Olímpico Russo), com 57.199, que foi bronze.

Os melhores resultados da ginástica feminina do Brasil até então eram os quintos lugares de Daiane dos Santos (solo), em Atenas 2004, e de Flavia Saraiva (trave), no Rio 2016.

Com a medalha no peito, Rebeca relembrou as dificuldades que enfrentou na carreira e dos apoios que recebeu.

“É muito bom quando você tem um apoio, quando tem alguém te dando um suporte. Eu acho que eu tive isso mas com as pessoas mesmo. Eu dormia na casa dos treinadores para eu conseguir, a minha mãe ia a pé para me dar o dinheiro da condução, meu irmão me levava de bicicleta. Eu saí de casa com dez anos, mas nesse meio tempo eu não ficava tanto tempo em casa, pois as pessoas viam o meu talento e viam o meu futuro e queriam investir. E eu acho que eles têm que fazer isso por mais crianças que têm um sonho, que têm um objetivo, que têm capacidade. Porque é nesse apoio que a gente vê a pessoa crescer. Se eles não me enxergassem, eu não estaria aqui hoje. Isso é muito importante! Apoiem o esporte. O esporte é vida, é inclusão, dá sabedoria, você cresce, você vira um ser humano melhor. E eu sou muito grata”, disse.

Baile de Favela

Na soma de todos os aparelhos, Rebeca somou 57.298 pontos e a trilha sonora… Baile de Favela, do MC João. Nascido na Jova Rural, o artista compôs a música em 2015 e foi um dos grandes sucessos de sua carreira, João que já foi artista do escritório de Kondzilla, hoje tem sua própria agência.

Veja as notas de Rebeca Andrade em cada aparelho: 

Salto: 15.300
Barra Assimétricas: 14.666
Trave: 13.666
Solo: 13.666
Soma dos Aparelhos: 57.298

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