Você já ouviu falar de Wrestling? Pois bem, conversamos Giullia Penalber medalha de bronze na categoria até 57kg, no Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. A atleta é uma das representantes do Brasil na modalidade e nesta entrevista fala de sua carreira, ciclo olímpico, falta de patrocínio e muito mais.
Além do bronze no Pan de Lima, a carioca Giullia Penalber é hexacampeã brasileira na categoria sênior, campeã Sul-Americana nos jogos de Cochabamba entre outras conquistas.
Para começar o bate-papo, a medalhista Giullia Penalber explica o que esse bronze representa para sua carreira.
“Essa medalha representa toda abdicação, sacrifício e persistência para alcançar um objetivo. Sempre sonhei em representar o Brasil, meu objetivo era conquistar o lugar mais alto do pódio para escutar nosso hino, mas ainda assim fico realizada de conquistar uma medalha em Jogos Pan-Americanos em uma modalidade pouco praticada aqui”. E conclui explicando a importância da visibilidade para modalidade.
“O Wrestling é um esporte que evoluiu muito em nosso país, mas ainda não é reconhecido, muitas pessoas nunca nem ouviram falar dele. Jogos Pan-americanos e Olimpíadas são eventos que repercutem na mídia e temos que aproveitar essas conquistas nesses eventos para apresentar e incentivar a prática desse esporte”.
Como está sua preparação para ciclo olímpico?
Após o ciclo Rio 2016 tivemos nossos investimentos bastante reduzidos, e como ainda não possuímos muito material humano, precisamos realizar intercâmbios internacionais com frequência para nos manter competitivos.
Nos últimos dois anos ainda tivemos poucas oportunidades para realizar esses intercâmbios, e temos realizado treinamentos de campo com atletas de outros estados para tentar suprir um pouco essa dificuldade.
O COB e a Confederação nos ajudam quando podem, e algumas vezes também temos que arcar com algumas despesas para nos manter treinando forte e com um bom ritmo competitivo.
A luta olímpica tem pouco espaço na grande mídia, você acredita que isso atrapalha quando o assunto é patrocínio?
Sem dúvidas, como disse anteriormente o Wrestling apesar de ser um dos esportes mais antigos nos Jogos Olímpicos, ainda não é muito conhecido aqui no Brasil. Quando viajamos percebemos como esse esporte é grande lá fora, e nosso país possui muito potencial para ter bons lutadores. Nossa confederação está sem um patrocinador desde 2016, e isso nos prejudicou bastante para realizarmos intercâmbios de treinamento e competição.
Você tem uma história de transição interessante do judô para luta olímpica. Pode resumir para nós e mais. Você acredita que foi a melhor escolha?
Iniciei no judô aos 3 anos de idade, e segui carreira como judoca de alto rendimento, mas em 2009 mudaram uma regra que não poderia mais projetar o adversário com as mãos nas pernas, que era um dos meus principais golpes. Segui ainda competindo mas não mantive os mesmos resultados, e no final de 2012 resolvi praticar treinos de Wrestling por hobby.
No início de 2013, participei de uma seletiva e fui convocada para competir fora do país, e segui nessa dupla jornada até 2014, quando abandonei de vez o judô. Com certeza, é muito difícil recomeçar um esporte com 20 anos de idade, tinha muitas dúvidas se estava tomando a decisão certa, mas sentia que estava aprendendo e evoluindo no lugar certo, e meus técnicos sempre acreditaram muito em mim desde que comecei, isso também influenciou bastante.
Nosso Portal é dedicado ao universo esportivo feminino. Esse Pan de Lima mais uma vez mostrou a força da mulher no esporte. Você como atleta, o que pode nos falar sobre esse respeito de igualdade dentro das competições?
Acredito que com esse movimento o esporte feminino tem conquistado cada vez mais respeito e espaço. Em nossa modalidade existem dois estilos, livre e greco-romana, que são distribuídos em 18 categorias olímpicas, sendo 6 delas femininas, apenas no livre, e ainda não possui estilo greco-romana feminino.
Ainda está bem desigual, mas aos poucos está evoluindo, levando em consideração que em 2004 foi a primeira participação feminina no Wrestling, em apenas 4 categorias.
Há espaço para muitas meninas que ainda não se encaixam em categorias mais altas, por exemplo, pois a mais pesada é até 76kg, e tem muita menina que não segue no esporte, por possuírem estrutura grande e ainda não conseguirem atingir a categoria máxima. Tem que continuar batalhando, pois o wrestling feminino está crescendo muito rápido a nível mundial.