Nerisnelia Sousa esquece Mundial Sub-20 e visa categoria adulta

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Nerisnelia dos Santos Sousa, chamada pelos amigos de Neris, estava firme seguindo os passos de sua amiga Mirieli Estaili dos Santos, ex-companheira de treino na ASA Sorriso (MT). Queria demonstrar isso no Mundial Sub-20 de Nairóbi, que acabou adiado por causa da pandemia da COVID-19. O objetivo era subir ao pódio do salto triplo, repetindo o feito de Mirieli, ganhadora da medalha de prata no Mundial Sub-20 de Tampere, na Finlândia, em 2018.

“Eu tinha muitos planos, já de algum tempo, para o Mundial. Comecei o ano de 2020 muito bem, bem mesmo, ainda no período de base consegui 13,06 m, meu melhor salto em dois anos e melhor marca da minha vida. Estava confiante e focada, mas com o adiamento a gente fica meio abalada”, comentou a atleta de 19 anos, nascida em São João do Caru, no Maranhão. “Agora é pensar para a frente na categoria adulta.”

Com a pandemia, Nerisnelia, que namora há um ano Alison Santos, o Piu, recordista sul-americano sub-20 dos 400 m com barreiras, resolveu passar um tempo com sua família em Cuiabá (MT). Em breve deve retornar para os treinos normais em Sorriso, com o técnico Marcos Vieira. “Estou bem ao lado dos meus familiares. Estou treinando num grande espaço, perto de minha casa. Consigo me manter em atividade”, contou a campeã brasileira e vice-campeã sul-americana sub-20 em 2019.

Finalista dos Jogos Olímpicos da Juventude-2018, disputados em Buenos Aires, na Argentina, começou no atletismo no projeto social Sementes de Ouro da Prefeitura de Sorriso, coordenado por Marcos Vieira. Desde muito jovem, mostrou talento nas provas de 80 m com barreiras, salto em distância e triplo.

O atletismo, aliás, foi responsável por uma descoberta inusitada. Aos 14 nos, ela venceu o Campeonato Mato-Grossense e se qualificou para os Jogos Escolares. Precisou tirar o RG para ser inscrita na competição.

“Fui tirar o documento e o professor viu na minha certidão de nascimento que meu nome era Nerisnelia. Só aí descobri que não era Neurisnelia, como meus parentes me chamavam. Estava falando meu nome errado”, lembrou a líder do ranking brasileiro sub-20 de 2020, com os 13,06 m, obtidos em março, em Cuiabá. Na oportunidade, superou a marca mínima exigida pela World Athletics (ex-IAAF) para o Mundial de Nairóbi (12,90 m).

Além de campeã brasileira e vice-campeã sul-americana, a saltadora tem diversos outros títulos como estaduais, dos Jogos Escolares da Juventude e do Troféu Centro-Oeste Caixa Sub-23.

Para Marcos Viana, as perspectivas de Neris são muito boas. “Ela começou muito bem a temporada e a projeção era dela saltar próximo dos 14 m no Mundial, seguindo o caminho da Mirieli. Sem o Mundial, agora é fazer a programação para o futuro, com a certeza que fará saltos maiores. Ela vai longe”, assegurou o treinador.

Pelos bons desempenhos em 2018, Mirieli ganhou bolsa de estudos e cursa Comércio Exterior na Universidade de Mississipi, nos Estados Unidos. Ela voltou ao Brasil no início da pandemia e tem estudado em casa pela internet. Os treinos, claro, continuam na Associação Sorrisense de Atletismo, enquanto não retorna para a escola norte-americana.

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