A maternidade não é flores, mas vale muito a pena’, diz Claudine Gimenes, do salto triplo

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Aos 26 anos (recém completados), Claudine Paola Gimenes de Jesus, ou apenas Claudine Gimenes. Natural de Maringá-PR, a atleta chegou em São Paulo aos 18 anos onde morou no Centro de Excelência (Projeto Futuro). No dia 12/10/2019, um novo capítulo na história dessa atleta foi escrito e assim veio ao mundo, o menino Theodore.

A gravidez foi uma surpresa, mas o que não faltou foi apoio da equipe e de toda família, principalmente na parte psicológica. Entretanto, a atleta tinha uma certeza. Não desistiria da profissão de atleta.

“Bom, eu não imaginava estar grávida, fui pega de surpresa, você é mulher e está propícia a engravidar. Fiquei bem assustada, pois estava treinando muito bem, esperava um ano muito bom, até então 2020 era um ano Olímpico. Mas graças a Deus minha equipe, técnico e família me deram todo o apoio psicológico que eu precisava. Então resolvi não desistir da minha profissão de atleta, tive foco, tentei me cuidar como eu pude (passei muuuuuuuito (sic) mal na gravidez, vomitei até o dia do parto.)”, explicou Claudine.

“Foi um ciclo novo na minha vida. Não era no momento que eu esperava. Mas costumo dizer que Deus sempre está no controle de tudo!”, completou a atleta que se preparava para disputar o Troféu Brasil 2019, mas teve que ser adiado.

Um recado para mamães recentes

Em 2019, quando engravidei, muitas meninas que conheço engravidaram também e muitas tomaram caminhos diferentes, umas por falta de apoio, medo, desânimo e outras por acharem que pelo fato de se tornar mãe não conseguiriam continuar sendo atletas. Eu digo, é possível sim continuar com objetivo de ser atleta, você vira uma super heroína, você quer lutar mais, batalhar, vencer e não só por você e sim pela preciosidade que você colocou no mundo.

O Theodore veio para agregar ainda mais em minha vida, as crianças são bênçãos de Deus em nossa vida. Jamais podemos achar que a gravidez é ruim, muitas mulheres tem medo de engravidar e que isso possa atrapalhar a vida profissional, e não, a vida não para, é só continuar com objetivo, perseverança, que tudo no final dará certo.

Para as que sonham com a maternidade eu digo: planejem se possível, mas se não for planejado, para, respira, pensa que tudo tem seu tempo, na hora certa acontece. A maternidade não é flores, mas tenho total convicção que vale muito a pena passar por essa experiência #maternidadereal

Mãe/Atleta

Com apenas quatro meses pós parto, Claudine participou do Festival FPA Adulto/Sub20 realizado em São Bernardo, entre os dias 29/02 e 01/03 e fechou a prova na primeira colocação com salto de 11,79 m.

“Bom, o retorno não foi fácil, é como se eu tivesse voltado nos meus primeiros treinos de adolescência, mais fraca e o músculos murchinhos, mas logo voltei em forma, competi a primeira pós parto, meu filho tinha apenas 4 meses ainda assim saltei 11,79 m”.

Eu amo ser mãe, não me via mãe antes dos 30 anos e hoje estou aqui, com um filho lindo, ao lado de pessoas maravilhosas que me apoiam.

“Não é nada fácil a rotina, mas vamos nos virando e ajeitando os horários, Nélio e Tânia (meus técnicos) sempre ajudando a organizar minha rotina de treinamento. As vezes não consigo levar o baby (Theodore) no treino, às vezes chove, ou não posso levá-lo nos Centros de Treinamento, então sempre adaptamos e eu acabo treinando em casa”.

Rotina de treinamento em meio a Pandemia

Arquivo Pessoal

“Meus treinos nesta pandemia, foram em casa durante quase cinco meses, colocava o Theodore no canguru e treinava com ele mesmo. Meu esposo (Georginho) também é atleta (de Basquete do São Paulo FC), nos revezamos várias vezes pra quando um treinava o outro cuidava do baby. Ou tinha treino que até ele vinha nas minhas costas pra fazer agachamento”.

“Em questão de treinamento, foi bem difícil treinar sem ter uma quadra, grama, ou uma caixa de areia, fiquei muito tempo sem saltar. Mas graças a Deus deu tudo certo. Voltei bem, cuidei muito bem da minha alimentação para não ganhar peso, acho que essa é a parte mais difícil, pois a ansiedade vem e a gente acaba descontando na comida”.

“Mas o que eu tirei realmente de melhor da Pandemia foi poder curtir cada gesto do meu filho, a evolução de pertinho é sensacional. Consegui dar todo carinho e atenção necessários nesses primeiros meses de vida que eu acho primordial para um bebê”.

Me sinto orgulhosa de mim mesma, porque vejo lugares e coisas que eu alcancei que eu nem imaginava. Tudo passa muito rápido, e todo esforço sempre vale muito a pena.

Sonho Olímpico

Foto:@triangular.ph

Meu objetivo continua o mesmo, eu acredito que um ciclo olímpico não se constrói em um ano, sou atleta desde os 15 anos, minha meta é claro que é disputar os Jogos Olímpicos. Meu foco está na próxima Olimpíada, mas se der Tóquio em 2021, porque não.

Para finalizar

No último dia 26 de setembro, Claudine Gimenes (EC Pinheiros), participou do 2º Festival Atletismo Paulista, em Campinas e a atleta do salto triplo fechou a prova com 12,45 m. Com o resultado, além de melhorar a sua melhor marca do ano que era de 11,79 m, ocupa hoje a segunda colocação no Ranking Brasil 2020.

“A gestação mudou muito minha cabeça, meu corpo, minha mente, mudou tudo, agora eu faço as coisas por ele também, eu já era raçuda, mas com certeza vou com muito mais garra. Não é fácil ser mãe, atleta, trabalhar fora e quando o resultado vem eu penso, compensou. Eu já estava feliz pelo fato de voltar a competir e agora voltar sem lesão é muito bom. A gente treina tanto, então cada centímetro é motivo de comemoração”, finalizou a mamãe do Theozinho, que assumiu a segunda colocação no Ranking Brasil 2020.

Um pouco mais de Claudine Gimenes

Mãe do Theodore
10 anos de atletismo
Conseguiu uma Bolsa de Estudo e se formou em Educação Física (Bacharel e Licenciatura), pelo Centro Universitário Sant’Anna (UNISANTANNA).
Campeã Sul-Americana Juvenil
Bicampeã Sul-Americana Sub-23
3º Lugar Troféu Brasil 2015
Campeã brasileira Universitária

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