A qualificação de Felipe Santos (AABLU) para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2021, no final do ano passado, já lhe rendeu frutos.
Pelo índice para a Olimpíada foi convocado para o Camping Nacional de Treinamento de Provas Individuais, realizado de 16 a 19 de fevereiro, em Bragança Paulista, e vai participar da preparação final para os Jogos no Rio Maior Sports Centre, em Portugal, em julho.
Ele conseguiu a marca exigida pela World Athletics e referendada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) de 8.350 pontos no Troféu Brasil Caixa de Atletismo, quando venceu a prova do decatlo, composta por 10 provas combinadas, com a marca de 8.364 pontos, no dia 12 de dezembro, em São Paulo.
O índice deu maior tranquilidade para o atleta paulistano de 26 anos e otimismo para enfrentar a temporada de 2021.
“Estou bem otimista. Fiz a minha melhor marca e consegui dois recordes pessoais – no salto em altura e no salto em distância. Ainda tenho oito provas para melhorar. Na verdade, em todas. Tenho muito que ajustar. Não cheguei ainda ao meu melhor da vida. Errei muitas coisas no Troféu Brasil e sei que posso ir ainda mais longe”, comentou o atleta, recordista sul-americano sub-20, com 7.762 pontos – marca alcançada em 2013, em Medellín, Colômbia -, e medalha de bronze no octatlo do Campeonato Mundial Sub-18 de Lille, na França, em 2011.
O otimismo de Felipe tem razões fundamentadas. Afinal, no ano passado, quando foi um dos destaques do atletismo brasileiro, a pandemia atrapalhou muito.
“Tive de refazer a base porque não tinha onde treinar quando tudo fechou. Estava melhor no início do ano do que no final de 2020”, lembrou. “O objetivo é ir um pouco melhor em todas as provas. A expectativa é de fazer o melhor resultado em Tóquio. A consequência pode ser uma medalha.”
O técnico Edemar Alves, que orienta Felipe no Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo (CNDA), em Bragança Paulista, ficou satisfeito com a participação do atleta no Camping, realizado numa parceria entre a CBAt e o Comitê Olímpico do Brasil (COB).
“Foi importante para termos parâmetros das avaliações realizadas pelo Laboratório Olímpico e para monitorar a evolução do Felipe, tanto na parte física como na de saúde”, afirmou o treinador. “Isso vai ajudar muito em nossa preparação para Tóquio. Ele deve chegar bem, confiante e bem preparado.”
Pela programação inicial, Felipe disputa o Campeonato Sul-Americano em maio, o Troféu Brasil em junho e depois segue para Portugal. Compete nos Jogos Olímpicos no início de agosto. “Ele tinha a possibilidade de fazer um torneio de provas combinadas na Europa em junho, mas seria apenas quatro dias antes do Troféu Brasil. A princípio nosso foco é o torneio nacional”, acrescentou Edemar.
Felipe Vinícius dos Santos segue com sua preparação e Edemar explica que o decatlo é uma prova muito complexa.
“Ele pode melhorar em todas as 10 provas, especialmente nos lançamentos e nos 1.500 m. O treinamento tem de obedecer um certo equilíbrio, tem de ganhar rendimento em algumas provas, sem perder em outras”, observou Edemar.
“Se pegar os melhores resultados da carreira, Felipe tem mais de 8.600 pontos. Mas temos de encaixar esse desempenho na principal competição.”
Felipe passou por dificuldades: teve de encarar duas cirurgias, perdendo praticamente duas temporadas em recuperação.
“Fiquei um pouco desacreditado, mas agora dei a volta por cima e tenho de agradecer a muita gente que sempre me apoiou”, disse.
Felipe começou no atletismo no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, um tradicional formador de talentos em São Paulo, e ficou feliz por ter obtido o índice nas mesmas instalações – agora reformadas – em que treinou no início de carreira.
O recorde pessoal anterior do atleta era de 8.019 pontos, alcançado há cinco anos, antes dos problemas de lesão.