Michael Rodrigues e João Chianca garantem vagas para o WSL CT 2023

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O cearense Michael Rodrigues e o saquaremense João Chianca vão reforçar a seleção brasileira que vai disputar o World Surf League Championship Tour em 2023. Suas vagas foram confirmadas durante as quartas de final, que abriram o último dia (2) do Haleiwa Challenger apresentado por The Hawaiian Islands, no Havaí.

Michael ainda foi até a final e ficou em terceiro lugar, atrás de dois tops mundiais, o japonês Kanoa Igarashi e o havaiano John John Florence, que conquistou o bicampeonato no evento que fechou a temporada 2022 na ilha de Oahu.

Na final feminina, a australiana Sophie McCulloch precisava da vitória para se classificar para o CT e conseguiu, deixando a campeã do ano passado, Bettylou Sakura Johnson, em segundo lugar.

“Nem sei o que dizer, está difícil de explicar o que estou sentindo agora”, disse Michael Rodrigues, quando foi oficialmente confirmado no CT 2023.

“Eu me esforcei muito esse ano e tenho muitas pessoas para agradecer. Nem tenho palavras no momento, mas estou na Lua agora e muito, muito feliz por ter atingido meu grande objetivo. Eu sempre quis muito voltar ao Tour e agradeço a todos que me apoiaram e acreditaram em mim, principalmente a Deus. Na água, fiquei pensando muito na minha filha. Ela é a motivação que preciso e estou muito feliz por ter conseguido a tão desejada classificação. Obrigado a todos.”

Michael Rodrigues precisava passar para as semifinais, para entrar no grupo dos 10 que se classificam para o CT, pelo ranking do Challenger Series. Ele competiu na segunda bateria da sexta-feira e largou na frente com notas 5,83 e 5,00.

Mas, o paulista Jessé Mendes, que passou a representar a Itália esse ano, lhe tirou o primeiro lugar com a nota 6,17 da sua terceira onda. Logo, o bicampeão mundial John John Florence assumiu a ponta com um aéreo reverse e não largou mais a liderança.

Michael caiu para o terceiro lugar, precisando de 5,02 para se classificar e tudo foi decidido nas ondas surfadas nos 5 minutos finais. O cearense surfou três, manobrando forte na primeira, que abriu mais parede para combinar três batidas e rasgadas. Jessé Mendes respondeu com um ataque vertical de backside.

Michael arriscou um aéreo, mas não completou. Aí John John pega uma onda melhor, para fazer duas manobras no crítico. Michael ainda pegou mais uma e acertou o full rotation. Fica o suspense pelas notas e ele consegue 5,07 para superar Jessé por 10,90 a 10,84 pontos, com o havaiano vencendo por 12,94.

Com a passagem para as semifinais, Michael Rodrigues tirou o australiano Dylan Moffat do G-10 e, ainda, ultrapassou o havaiano Ezekiel Lau. Sua vaga no CT 2023 seria confirmada se o australiano Morgan Cibilic perdesse na bateria seguinte e foi o que aconteceu.

Ficou então a disputa por uma última vaga, com Imaikalani Devault precisando ser vice-campeão para tirar o décimo lugar no ranking do também havaiano Ezekiel Lau. Mas, ele foi barrado pelo australiano Ryan Callinan e o francês Maxime Huscenot na última bateria das quartas de final.

Já a vaga do João Chianca, que estava em sétimo lugar no G-10, foi confirmada logo no primeiro confronto da sexta-feira, quando o francês Gatien Delahaye perdeu para o italiano Leonardo Fioravanti e o australiano Kalani Ball.

O surfista de Saquarema começou 2022 na elite, mas perdeu a vaga no novo corte no meio da temporada, implantado esse ano. Já Michael Rodrigues fez parte do CT em 2018 e, em 2019, quando não conseguiu confirmar sua permanência nem entre os 22 primeiros do ranking e nem entre os 10 do QS.

“Eu fiquei meio decepcionado com a minha derrota ontem (quinta-feira), pois sabia que toda bateria era importante para mim”, disse João Chianca.

“Mesmo assim, tinha esperança de não sair dos top-10 e foi muito emocionante hoje. Deu tudo certo e estou novamente no Tour. Lembro que estava superconfiante indo pra etapa de Ballito (na África do Sul), mas deu tudo errado lá. Depois, as coisas começaram a melhorar, fui trocando os piores resultados, tive um bom resultado em casa no Brasil e tive muita fé o ano todo. Agradeço aos meus patrocinadores, todos os brasileiros que sempre me apoiaram e minha família também”.

Seleção Brasileira – Com a classificação de Michael Rodrigues e João Chianca, a seleção brasileira do CT 2023 terá dez titulares e um já confirmado na reserva do time. Já estavam garantidos na elite da World Surf League, os campeões mundiais Gabriel Medina, Filipe Toledo e Italo Ferreira, os irmãos Miguel e Samuel Pupo, Caio Ibelli, Jadson André e Tatiana Weston-Webb. Além deles, tem Yago Dora como primeiro alternate da temporada 2023, para substituir a ausência dos tops por contusão ou qualquer outro motivo.

A primeira apresentação da nova seleção brasileira acontecerá lá mesmo no Havaí, onde foi encerrada a temporada 2022 na sexta-feira. A abertura do WSL Championship Tour 2023 será no Billabong Pro Pipeline, que vai começar no dia 29 de janeiro, com prazo até 10 de fevereiro para ser encerrado nos tubos de Pipeline. Na sequência, tem o Hurley Pro Sunset Beach nos dias 12 a 23 de fevereiro, também no North Shore da ilha de Oahu.

Bicampeão em Haleiwa – Quem mostrou estar em plena forma para tentar um terceiro título mundial no ano que vem é o havaiano John John Florence. Ele se contundiu em 2022 e voltou a competir só agora, dando um show surfando tubos incríveis na semifinal.

O melhor deles valeu nota 9,83, a maior de todas as sete etapas do Challenger Series 2022. Nesta bateria, Michael Rodrigues fez outra dobradinha com o bicampeão mundial, eliminando o número 1 do ranking, Leonardo Fioravanti, e o australiano Kalani Ball.

A decisão do título foi parecida com a do ano passado, com John John Florence, o japonês Kanoa Igarashi, um australiano e um brasileiro, com Ryan Callinan no lugar do Jack Robinson e Michael Rodrigues no do Samuel Pupo. Curiosamente, Michael confirmou sua vaga no CT com a mesma campanha do Samuca, quando se classificou para as semifinais. O que também se repetiu foi a performance do havaiano, que já largou na frente com nota 9,0 na primeira onda.

O vice-campeão olímpico, Kanoa Igarashi, chegou a assumir a ponta quando conseguiu 8,40 numa onda destruída por uma série de manobras. O australiano Ryan Callinan usou a verticalidade do seu backside para ganhar 6,07, enquanto Michael Rodrigues não passou de 3 pontos nas primeiras que surfou.

John John arrisca um aéreo que não completa, mas logo destrói uma onda para somar 7,77, que lhe garantiu o bicampeonato no Haleiwa Challenger.

“Estou feliz por estar me sentindo bem e voltando a competir em alto nível. Confesso que estou sem palavras para descrever o que estou sentindo”, disse John John Florence. “Muito feliz por vencer em casa, aqui em Haleiwa novamente, especialmente em ondas como estas. Está incrível lá fora e eu só tentei aproveitar ao máximo cada onda.”

Kanoa Igarashi tinha ficado em terceiro na final do ano passado e agora foi o vice-campeão, com 14,87 pontos, contra 16,77 do havaiano. Nos minutos finais, Michael Rodrigues achou uma onda que armou uma parede mais em pé, para ele atacar o crítico com três manobras fortes de frontside, que valeram 6,93.

Com essa nota, terminou em terceiro lugar no Haleiwa Challenger, deixando o australiano Ryan Callinan em quarto. Esse resultado levou Michael Rodrigues para a sexta posição no ranking final do Challenger Series 2022.

Vaga na decisão – Na final feminina, a batalha pela última vaga para o CT 2023 foi decidida na grande final. A portuguesa Teresa Bonvalot chegou no Havaí em quinto lugar no ranking que classificava cinco surfistas.

Ela acabou perdendo essa posição para a norte-americana Alyssa Spencer na sexta-feira, mas recuperou quando se classificou para as semifinais, no último minuto da sua bateria. Só que ainda tinha a australiana Sophie McCulloch na briga, mas sua única chance era vencer o Haleiwa Challenger.

As duas passaram pelas semifinais, com as mesmas surfistas que tinham se classificado junto com elas nas quartas de final, as havaianas Eweleiula Wong com a australiana e Bettylou Sakura Johnson com a portuguesa. Teresa Bonvalot precisava ser vice-campeã, em caso de vitória de Sophie McCulloch. Mas, Bettylou tentava o bicampeonato em Haleiwa e terminaria como campeã do Challenger Series 2022, se ficasse entre as duas primeiras colocadas na final.

A australiana começou melhor, aproveitando uma boa onda para largar na frente com nota 6,83. Enquanto a portuguesa errava as manobras nas primeiras que surfou, Sophie McCulloch escolheu outra onda boa e arriscou três pancadas muito fortes. Ela ganhou nota 8,17 dos juízes, já totalizando 15,00 pontos na metade da bateria. O máximo que Teresa conseguiu foi 4,83, para superar a jovem havaiana Eweleiula Wong.

Já Bettylou Sakura Johnson destruiu uma onda com uma série de manobras que valeram nota 9,23. Com ela, terminou em segundo e Sophie McCulloch festejou a vitória no Haleiwa Challenger e a vaga para o CT 2023.

“Na verdade, eu não sabia exatamente o que precisava acontecer, mas sabia que precisava dar tudo de mim e nossa, estou muito feliz agora”, disse Sophie McCulloch. “Essas meninas estão arrasando, surfando demais. A Bettylou (Sakura Johnson) é muito boa aqui, então esta vitória foi como uma benção pra mim. Para ser honesta, deu um pouco de nervosismo quase a bateria toda, mas estou muito orgulhosa da minha capacidade de conseguir me controlar”.

A australiana e a portuguesa Teresa Bonvalot terminaram empatadas com 25.490 pontos no ranking final do Challenger Series.

As duas conseguiram exatamente os mesmos resultados nas sete etapas, uma vitória, duas terceiras colocações, dois nonos lugares, um 17º e um 33º. Sophie McCulloch ganhou o desempate, por ter vencido mais baterias ao longo do ano, ratificando a vantagem com o título no Haleiwa Challenger. Já Bettylou Sakura Johnson recuperou a vaga perdida no corte do meio da temporada, terminando o ano em primeiro lugar no Challenger Series 2022.

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