Rodrigo Braghetto – Da Depressão a Cartola Campeão

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Ex-árbitro Rodrigo Braghetto, supera os momentos difíceis e hoje vive boa fase no futebol

Não é de hoje que os casos de ansiedade e depressão vem sendo discutidos no âmbito esportivo de alto rendimento, assim como no futebol. Nos últimos anos, tem aumentado os números de atletas e profissionais das quatro linhas que revelam a luta contra essas questões de saúde mental, que ainda assim é um tabu, porém esses casos aos poucos vêm sendo expostos com mais frequência por aqueles que sofrem na tentativa de superação.

De acordo com o psicólogo esportivo Rodrigo Scialfa Falcão, que é formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com mestrado pela Universidade Oberta da Catalunha, na Espanha, o ambiente esportivo pode propiciar e agravar transtornos emocionais.

“Não são raros casos de estresse, depressão, ansiedade, burnout, distúrbios alimentares, abuso de substancias, e até tentativas de suicídio. Treinadores e demais membros de comissões técnicas, até os árbitros podem vir a ter problemas similares. A pressão pelo máximo desempenho, a baixa tolerância aos erros, as frustrações e as derrotas, a cobrança da torcida, a exposição da vida pessoal e a falta de privacidade, a relação com a mídia. Todos esses elementos podem de alguma maneira influenciar negativamente no desgaste emocional, abalar a motivação, a confiança e contribuir para a queda do desempenho esportivo e em casos mais complexos afetar profundamente a saúde mental”, afirma Rodrigo.

Segundo um levantamento recente feito pela OMS, quase 1 bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental, sendo que a depressão afeta mais de 270 milhões de pessoas no mundo e metade dos casos começa por volta dos 14 anos de idade, além disso, o suicídio é a quarta causa de morte entre jovens dos 15 aos 29 anos.

A Fifa também divulgou uma pesquisa no último semestre deste ano, em que foi constatado que pelo menos 1/3 dos profissionais na área do futebol sofreram em algum momento da carreira com problemas de saúde mental, como a depressão.

Entre os jogadores de futebol, 23% sofrem de insônia, 9% têm depressão e 7% ansiedade. No entanto, os números aumentam entre os profissionais aposentados, com 28% confirmando terem problemas para dormir e 13% afirmando estarem em quadros depressivos.

“Diversos fatores como transição de carreira, aposentadoria entre outros elementos podem de alguma maneira influenciar negativamente no desgaste emocional, abalar a motivação, a confiança e contribuir para a queda do desempenho, seja no âmbito esportivo ou no campo emocional”, conclui o psicólogo Rodrigo Falcão.

Esse problema afligiu também Rodrigo Braghetto, ex-árbitro de futebol de 47 anos, que foi um dos principais nomes da arbitragem brasileira por mais de 15 anos, onde sofreu com a ansiedade e depressão, pensando em suicídio por não saber lidar com sua aposentadoria e saída dos gramados.

“Quando decidi encerrar minha carreira em 17 de maio de 2013 eu estava bem, mesmo com o ocorrido da minha retirada na final do Campeonato Paulista daquele ano. Mas os meses que se passaram com a falta daquilo a que a gente se dedicou por muitos e muitos anos. Também tive um problema de ordem profissional na minha empresa, o que me deixou bastante abalado, infelizmente, caí em uma depressão profunda, e até em suicídio acabei pensando foram momentos bem difíceis, me sentia triste, com vontade nenhuma de viver, mas graças a Deus, e ao trabalho (na medida do possível), e também com ajuda médica, consegui superar esse período conturbado” revela o profissional.

Formado em Administração de Empresas e Educação Física e pós-graduado em Futebol e Ciências do Esporte, Braghetto exerceu a função de gestor das categorias de base do Oeste Barueri Futebol Clube, time da Série D do Brasileiro, atuou também como comentarista de arbitragem em uma emissora de televisão (Band Tv).

Um de seus papéis neste momento é atuar como presidente do Paulistano de São Roque Futebol Ltda, onde realiza um trabalho socioemocional, diretamente com os garotos das categorias de base, do sub 11 ao sub-20, com aconselhamentos e palestras para que os jovens tenham conhecimento sobre o tema da saúde mental.

“Sempre que possível, ajudo-os através de bate papo em grupo e as vezes em conversas individuais.  Quando alguém fala que está depressivo, eu na hora quero ouvir, quero conversar, uso como testemunho o meu caso e os ajudo a superar os momentos difíceis que acontecem em um grupo de jovens futebolistas, tais como desânimo, tristeza, falta de coragem e motivação” comenta.

“Os casos não são comuns no Paulistano, inclusive desconheço, até pelo trabalho que é realizado com os jovens, mas sabemos que muitos não tem coragem de assumir publicamente, a depressão ainda é uma incógnita seja no desconhecimento dos sintomas ou na coragem para assumi-la, mas estou sempre de olho”, diz o árbitro.

Cartola Campeão:

Rodrigo Braghetto superou os momentos difíceis e hoje vive boa fase no futebol, a frente do Paulistano, disputou a Paulista Cup 2022, torneio das categorias de base, destinado aos clubes vinculados à Federação Paulista de Futebol (FPF), com intuito de preparar os atletas para competições oficiais e dar ritmo de jogo aos atletas em idade de transição se consagrando campeão, o título rendeu ao ex- árbitro, jogadores, e aos companheiros de equipe uma homenagem que foi receber uma menção honrosa na câmara dos vereadores de São Roque devido ao título.

“Em março de 2015 assinamos o contrato de parceria com o Paulistano, para que eu pudesse ser o presidente de uma empresa de futebol limitada, passamos por um processo de reestruturação e restruturação, o intuito hoje é fazer o clube voltar para o futebol profissional, e creio que estamos no caminho certo.

Hoje no Brasil o planejamento de futebol é quase zero, e esse é um projeto para no mínimo 10 anos. Já estamos conseguindo profissionalizar alguns jogadores, nos tornando um clube formador de jogadores não apenas para São Roque, mas para o Estado de São Paulo e principalmente para o Brasil e quem sabe em breve conseguiremos chegar até a Seleção Brasileira”. finaliza Rodrigo Braghetto.

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