*CÉLIO CAMPOS
A razão sempre haverá de vencer a mediocridade.
Poderia escolher de muitos outros, mas preferi optar por uma afirmação do competente Fabrício Carpinejar (1972), poeta, jornalista e professor universitário, que tem diversos livros publicados e também é reconhecido por seus blogs. Afirma o referido: “A esperança é a última que morre, após matar todos os outros sentimentos”.
É isso. Esperança. Razão para superar as mediocridades que insistem em tomar conta de nosso futebol e daquilo (quase tudo) que gravita à sua volta.
A semana começou sob uma ótima notícia.
Reunião na sede da secretaria de Segurança Pública, decidiu flexibilizar limitações impostas às torcidas organizadas nos estádios, e com isso voltaremos a contemplar faixas e bandeirões nos campos de futebol, nas arenas, nos palcos por onde a bola rola. Acho que as “bandinhas” e “charangas” igualmente haverão de voltar a habitar os estádios para o bem do próprio futebol.
Interessante que a medida contou com apoio do Ministério Público, das polícias Civil, Militar, Federação e diretores dos chamados “quatro grandes”. Um avanço. Houvesse uma dose menor de tolice e liberariam, a reboque, a presença da torcida visitante em clássicos. Esse retrocesso lamentavelmente ainda persiste.
Para os que não se prendem aos acontecimentos fora das “quatro linhas”, é bom lembrar que tais proibições perduram desde agosto de 1995, quando o são-paulino Márcio Gasparin da Silva foi morto, resultando da briga envolvendo torcedores das agremiações alviverde e tricolor. Pasmem! Criava-se ali um movimento antiorganizadas deflagrado pela Polícia Militar e Federação.
Ano passado, mais punições.
Após o Dérbi, em abril daquele ano, brigas antes e depois oxigenaram outras restrições (sinalizadores, bandeiras com mastros). Chegaram ao absurdo de propor jogos sem torcida, torcida única, essas aberrações como se houvessem encontrado o ‘DNA da violência’. Desesperançados fazendo ecoar a desesperança em meio aos que esperam que nem tudo está perdido.
Em prosa e verso, sabemos que esses não são os reais motivos das guerras campais envolvendo torcidas. Tanto que mesmo vigorando esse movimento, são vários os casos de confrontos, brigas e desentendimentos registrados no período – prova que o buraco fica muito mais embaixo.
A razão sempre haverá de vencer a mediocridade.
Futebol é festa. E bandeiras, esse aparato todo, faz parte do “mundo mágico do futebol”.
A única coisa que não combina com isso são os atos de violência. E entendo como flagrante violência impedir o torcedor do “time B” acessar o estádio para assistir o clássico de sua equipe perante o “time A”. Conversa mole e oportunismo de muitos em apressar-se a receitar medidas como se fossem a panaceia para cura de todos os males existentes além das quatro linhas.
Não tiveram coragem de devolver ao futebol aquilo que pertence somente a ele.
A devolutiva se fez em partes.
Mas já é alguma coisa.
Permite com que acreditemos que a esperança é a última que morre, e deve morrer somente após a morte de todos os outros sentimentos como bem destacou o poeta nas linhas iniciais.
Felizmente – e para a tristeza de muitos – o futebol, dentro e fora de campo, ainda está muito vivo.
*é jornalista, radialista e mestrando em Comunicação pela Universidade Ibero Americana